"No jardim do ogro", de Leïla Slimani, e o existir pelo desejo do outro
“Faz uma semana que ela aguenta. Uma semana que ela não cedeu. Adèle comportou-se.” Assim começa No jardim do ogro, de Leïla Slimani, publicado no Brasil pela editora Tusquets com tradução de Gisela Bergonzoni. Indícios da personalidade ansiosa e autoflagelante da protagonista estão presentes desde o início do livro, quando ainda não há espaço para grandes certezas. Alusiva, já na primeira página a prosa faz menção a um sonho que denuncia a energia acumulada pela privação de