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Editora Patuá é destaque na publicação de autores brasileiros estreantes

No primeiro semestre de 2019, durante o mês em que postei um vídeo por dia no LiteraTamy, dei início a um dos meus quadros favoritos do canal, o Papo de Editora. Já que o meu grande foco tem sido a produção literária contemporânea e brasileira, a primeira editora a passar pela minha cabeça como convidada a participar dessa empreitada não poderia ser outra que não a Patuá, referência no mercado editorial do país quando o assunto é livro de autoria nacional e atual. Seguindo à risca sua defesa pelo novo, o editor Eduardo Lacerda prontamente aceitou o convite e abriu as portas da editora-bar para que o LiteraTamy entrasse, bisbilhotasse e registrasse. Falando assim, quem lê pode até pensar que o canal é formado por uma equipe imensa, mas, na realidade, a equipe toda soy yo – o que só reforça minha afinidade com a Patuá, que, em termos práticos, é uma “editora de um homem só”, sendo Eduardo o responsável pela leitura, avaliação, edição, editoração, comunicação e todas as outras burocracias envolvidas no trabalho.


A semente da Patuá brotou em 2010 e seu primeiro livro ficou pronto em fevereiro do ano seguinte, mas segundo Eduardo “as coisas começam muito antes dessa data”. A ideia toda veio como um desdobramento da revista literária fundada por ele em 2001, nos tempos da faculdade de Letras, iniciativa que o aproximou de muitos poetas tão interessados em publicar quanto leigos nos trâmites da publicação. O atual editor da Patuá também não sabia muito do assunto, mas foi atrás de descobrir, e essa iniciativa resultou no inesquecível Carta Branca, da escritora Juliana Bernardo, do qual Eduardo sempre fala por ser um livro “bem marcante”, estreando uma das primeiras editoras independentes de pequeno porte no Brasil.


A sede da Patuá fica em frente a um cemitério na capital paulista e parece estar ali para desafiar a morte, como uma construção marota e cheia de vida que desabrocha a driblar contratempos pela potência das artes. Brindando a literatura como cultura do encontro, além de editora a casa também é bar. Inaugurado em 2015, o Patuscada foi pensado por Eduardo como um espaço de comunhão, não só entre álcool e literatura, já que há livros até no banheiro e estoque de obras no subsolo, mas principalmente entre entusiastas das letras, disponível para lançamentos, saraus, recitais, cursos, oficinas, conversas, clubes de leitura e venda de livros de editoras parceiras.


Hoje, completando quase uma década de existência, o catálogo da Patuá tem mais de 800 livros e o conceito de talismã por trás de seu nome nunca fez tanto sentido. Eduardo acredita que o livro é “uma espécie de amuleto, algo que dá sorte, que muda nossas vidas, que protege, mas mais do que proteger, é uma arma de enfrentamento, ele tá ali pra guerra (...). Estar com o livro na mão, essa é a verdadeira arma pra mudar tudo”, e segue transformando pessoas através deles, proporcionando a escritores estreantes a oportunidade de materializar seus livros como parte de um inventário que inclui também autores já bem estabelecidos no mundo literário, sem cobrar nada pela publicação. O principal critério da editora é a pluralidade, priorizando sempre a inovação, tanto em termos de formato quanto em termos de autoria. Modelo de reconhecimento à literatura brasileira contemporânea, a Patuá segue firme e forte no mercado com sua “forma geminiana de trabalhar a literatura”. Conheça um pouco mais dela no vídeo que gravamos para o canal do LiteraTamy:



 

Tamy Ghannam

Graduada em Letras (FFLCH- USP) e pesquisadora de narrativas brasileiras contemporâneas, é idealizadora do projeto multimídia LiteraTamy, que desde 2015 dispõe-se a difundir a literatura como prática revolucionária.

 

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